Sinto-me colado à parede de ferro,
forte de invasões à Terra do futuro.
Quero partir de vez mas, mais preso, aqui estou ainda.
Não consigo evitar a constante tentação de sucumbir.
Fiquei parado na esperança que o movimento cesse,
para então embarcar neste cais de um rio seco.
A moda e o conhecimento avançam,
mas cada vez mais a evolução sofre de invalidez.
Quem somos nós que não acompanhamos a rotina do Sol
nem deslumbramos a êxtase da Lua?
Estou à espera de quê?!
Da harmonia que se aproxima, quanta demagogia!
Do futuro em páginas coloridas, memorandos do século da Vinda.
Sei que o selecto espelho da fama engana várias fadas
que os Deuses criaram no seu Universo.
Quem são os verdadeiros autores da Escala da Vida?
Sois Vós, os Mortos.A continuidade já está perdida!
Alexandre Reis (X)
Um rio nasce do nada, tal como as estrelas são douradas e o fogo é incandescente. A água corre, enrola-se e serpenteia. Da nascente até à foz. A vida inteira.
Para pensar
domingo, 30 de setembro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
De repente
De repente, num instante, a cor é outra
Acordam os rasgos e as tiras da roda colorida da vida
Saltam à nossa frente os sustentos da leveza eminente
Mas, de repente, num instante... Sofre a gente!
Amaldiçoam-se os defeitos, fazem-se reparos aos outros
Sobram poucos!... Quase nenhuns, quase ninguém!
Porém, de repente, num instante, emano os poderes do além,
essa energia crescente e flamejante - o meu sol circundante
Acalmo.
As ondas sussurram na areia d´ouro finas melancolias
Embaladas na foz do rio
Ao largo passam as frotas de navios em desespero
Alma minha gentil, voltaste de repente!
Num instante sou corpo, sou gente, sou alguém!
Montanhas nevadas, trenós galopantes, cavalos com asas,
memórias distantes, num instante
Recuso e acuso.
Se invoco, me impeço de haver um começo
De ter um curso - regato rendido às portas da vida
Mas, de repente alguém bate - Sou gente!
Alexandre Reis (X)
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Instante
Das histórias que se contam não há nada p´ra esconder
Das memórias que se seguem, os livros não o sabem dizer.
Se, lá no fundo, há retalhos e versos perdidos num homem,
que se pode fazer?!
Não há rasgos de aventura e de emoção para viver
São os olhos que fecham e não se cruzam ao amanhecer
Ditam as fitas o que a sorte pode oferecer.
Já se apagam as luzes ao anoitecer
Lá fora já é hora de se esconder
Perdem-se as horas ao encontro da mulher...
São as ideias mais ternas que um homem tem
São as vitórias que não se contam mas sabem tão bem
São as manias de já julgar ser alguém
mas não resta ninguém...
Das músicas que se ouvem e tocam por aí
Das letras que invento ao pensar em ti,
saberá este mundo de um homem profundo
que se perde assim?!
Não há barcos de ilusão que não passem aqui
São os segredos que se lembram e que senti
Digam as mentiras que procuram e desejam em mim!
Ainda são as palavras que te dizem a todo o momento
dos sons e das imagens que se captam em movimento
mas nada vês nem descobres cá por dentro,
um sentimento!
Alexandre Reis (H11)
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Incontornável
criss.site.voila.fr
Foge-me o espaço,
foge-me o tempo!
Caio sem asas e com receios.
Vão-se as dádivas d´outrora,
não se encontram dúvidas nem divas
mas as certezas não existem.
Apagam-se as luzes
por todo o terreno.
Sem raízes nem folhas soltas,
por nada resisto,
de tudo me desprendo.
Desfolham-se os livros
de histórias sem enredos;
Descobrem-se os segredos
remotos de outros tempos,
sozinho no sofrimento!
Foge-me o espaço
e não encontro o tempo.
Para onde foi o encanto
de outros momentos?
Foge-me o espaço
e já não tenho tempo
de te ter nos meus braços,
de te ler por dentro...
Alexandre Reis (H1)
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Decreto da não poesia
Hoje não há poesia. Não vou reler folhas, reescrever versos ou buscar inspiração para outros. Não posso, não consigo, não quero.
Queria antes que o tempo voltasse atrás e se rebobinasse a fita de cada vez que se atenta contra a inocência e se destrói a Humanidade e a Unidade.
Aos 11 dias do mês de Setembro de 2007
Que se releia o Firmamento
Alexandre Reis (Z)
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Sou
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
MagiaDeSer
terça-feira, 4 de setembro de 2007
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Suave
domingo, 2 de setembro de 2007
As mãos
De Eugénio de Andrade
Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sequer são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.
Pela noite adiante,com a morte na algibeira
cada homem procura um rio para dormir
e, com os pés na lua ou num grão de areia,
enrola-se no sonho que lhe quer fugir.
Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Dez réis de amor foram gastos a esperar;
O céu que nos promete um anjo bêbado
é um colchão sujo num quinto andar.
Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sequer são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.
Pela noite adiante,com a morte na algibeira
cada homem procura um rio para dormir
e, com os pés na lua ou num grão de areia,
enrola-se no sonho que lhe quer fugir.
Cada sonho morre às mãos doutro sonho.
Dez réis de amor foram gastos a esperar;
O céu que nos promete um anjo bêbado
é um colchão sujo num quinto andar.
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